Publicações
Mulheres Ocupando e Transformando os Espaços de Poder e Decisão
- 04/12/2024
- Postado por: Associação Mulheres pela Paz
- Categoria: Seminários, Oficinas e Exposições
Termina ciclo de oficinas on-line realizado em outubro de novembro de 2024
É nos espaços de poder e decisão que se consegue influenciar e alterar a realidade das desigualdades de gênero e suas interseccionalidades. No Brasil, continua sendo um grande desafio o aumento dessa participação feminina, seja no âmbito político, governamental ou empresarial. Em 2022, o Brasil ocupou a posição 129, com apenas 17,7% de assentos ocupados por mulheres na Câmara dos Deputados (TSE). As mulheres ocupam 38% dos cargos de liderança no Brasil, de acordo com uma pesquisa realizada pela Grant Thornton com 250 empresas. Na comparação com outros países, o Brasil está atrás de África do Sul (42%), Turquia e Malásia (40%) e Filipinas (39%), mas tem um resultado melhor do que a média da América Latina (35%), por exemplo.
O projeto Mulheres ocupando e transformando espaços de poder e decisão concretizou um ciclo de capacitação on-line, pela plataforma virtual da entidade, visando o aumento do número de mulheres nos espaços de poder e decisão, além de campanhas e sistematização do processo, como instrumento de multiplicação. As atividades se alicerçaram na metodologia de educação popular feminista, isto é, construídas com as pessoas e não para as pessoas. O conteúdo teórico e prático focou aspectos subjetivos e objetivos que auxiliem na desconstrução de estereótipos discriminatórios e o fortalecimento das participantes, para aumentar o número de mulheres ocupando os espaços de poder e decisão, impactando, assim, na realidade das inequidades de gênero e suas interseccionalidades.
As oficinas on-line foram coordenadas por Vera Vieira, diretora-executiva da entidade.
Módulo 1 (14/10/24): Gênero e Interseccionalidades, Poder e Vieses Inconscientes das Discriminações (educadora: Marilda Lemos)
Módulo 2 (15/10/24): A Importância de Ocupar os Espaços de Poder e Decisão (educadora: Silmara Conchão)
Módulo 3 (16/10/2024): Buscando a Construção de Referências Feministas de Poder (Amelinha Teles)
Módulo 4 (17/10/2024): O Consenso, o Dissenso e a Arte da Negociação (Judeti Zilli)
Módulo 5 (18/11/24): O Empoderamento Psicológico, Emocional, intelectual e Financeiro das Mulheres (Luana Alves)
Módulo 6 (19/11/24): Conciliando Vida Privada e Vida Pública (Rai de Almeida)
Módulo 7 (20/11/24): A Incidência nas Mídias para Pautar e Ampliar a Participação Efetiva de Mulheres nos Espaços de Poder e Decisão (Cristina Costa)
Módulo 8 (21/11/24): Redes, Alianças e Articulações (Zeza Lopes).
A raiz do problema da baixa participação feminina
São diversos os fatores que podem explicar a baixa participação feminina nesses espaços, entre eles, a tripla jornada (trabalho remunerado, tarefas domésticas e tarefas do cuidado); falta de apoio financeiro e outros pelos partidos políticos; ausência de referências femininas de ocupação do poder; violência doméstica, sexual e assédios. Ao nascer, as mulheres já se encontram em desvantagem em relação aos homens. Essa desigualdade vai acompanhar as mulheres na trajetória de vida, em termos das oportunidades e do nível de poder. Se ela for pobre, de raça negra, indígena, com outra orientação sexual e identidade de gênero, a situação vai piorar ainda mais. A raiz dessa injustiça milenar está na forma equivocada com que se aprende as noções de feminilidade e masculinidade. São as relações sociais de gênero que colocam a mulher em situação de subordinação ao homem. Trata-se de uma construção social, reforçada pela cultura e que vem sendo mantida historicamente por milênios. Assim há a necessidade de se empoderar as mulheres em termos psicológicos, emocionais e financeiros, visando um mundo mais equilibrado entre mulheres e homens, o que será benéfico para toda a sociedade.
E
mpoderamento é a capacidade da pessoa realizar, por si mesma, as mudanças necessárias para evoluir e se fortalecer (Paulo Freire). O processo de empoderamento se dá através da conscientização de que todas as pessoas são iguais em direitos e deveres; que os direitos das mulheres nada mais são do que direitos humanos; que o corpo da mulher a ela pertence e isso deve ser respeitado; que uma vida sem violência é um direito das mulheres; que existe Lei para punir os crimes de violência doméstica, violência sexual, assédio, tráfico para fins sexuais; que a informação de qualidade é fundamental na trajetória de vida… Para tanto, é preciso buscar: elevar a autoestima gostando de si mesma, cuidando-se, valorizando-se e aprendendo coisas novas; novos cursos; equilibrar as diferentes dimensões da vida – física, emocional, profissional e espiritual; se unir a outras mulheres e considerar as diferenças das pessoas e das opiniões como um rico caminho de aprendizado; aproveitar os conhecimentos e habilidades para atingir aspirações e gerar renda, visando a autonomia financeira e satisfação pessoal.
Este projeto é importante para que mulheres e meninas das áreas periféricas urbanas e rurais busquem ocupar e transformar os espaços de poder e decisão. Os estereótipos discriminatórios – de gênero, raça, etnia, orientação sexual, identidade de gênero, etc. – precisam ser desconstruídos em todos os espaços: dentro de casa, na rua, nas escolas, nas igrejas, nas leias, nas instituições públicas e privadas, na literatura (na escrita e nas imagens), nos meios de comunicação de massa… Para o processo de desconstrução, é preciso a sensibilização e a conscientização dos preconceitos e das discriminações, principalmente dos vieses inconscientes, que são “as preferências que ficam escondidas no inconsciente e que influenciam as atitudes, as percepções, os julgamentos e as ações das pessoas sem que elas percebam que estão dando vantagem para um determinado aspecto”. Nada melhor do que a metodologia de educação popular feminista que vai trabalhar aspectos teóricos da problemática, mas, principalmente, aspectos emocionais, que levarão à sensibilização e o impulsionamento para a busca de recursos necessários para alterar a realidade vigente.
Lembre-se: lugar de mulher é onde ela quiser! Por que não nos espaços de poder e decisão?
Não basta ser mulher! É preciso adotar atitude pela equidade, diversidade e pluralidade.
Sabemos que quando aumentamos o número de mulheres em cargos de poder e decisão – seja na política, em órgãos governamentais ou em empresas privadas –toda a sociedade passa a ser beneficiada. Obviamente, que essa transformação não ocorre pelo simples fato de serem mulheres. Não basta ser mulher! É preciso incorporar os princípios de uma agenda que busque a justiça social, a equidade, a diversidade e a pluralidade. Significa adotar um olhar transversal alicerçado na riqueza da diversidade de nossa sociedade e da falta de oportunidades que ocorre nas camadas mais vulneráveis, cuja população é marcada por preconceitos sexistas, racistas e homofóbicos, principalmente. Daí a necessidade de formação para lideranças efetivas e potenciais, com poder de multiplicação, visando aumentar o número de mulheres nos cargos de decisão e poder.
Resultados esperados
São mulheres que farão a diferença nessas posições, com impactos positivos para a luta pela equidade de gênero e interseccionalidades, com a contribuição da capacitação pelas oficinas on-line, dos materiais de divulgação e do processo de multiplicação com a publicação eletrônica [sistematização de todo o processo]. Dentre os resultados, destacam-se:
- a) Enfrentamento às barreiras invisíveis (vieses inconscientes) que permeiam ações de mulheres, que acabam por reforçar estereótipos discriminatórios;
- b) Conscientização sobre a existência de tais vieses inconscientes como impulsionadores da hierarquização entre mulheres e homens, com base, principalmente, nas diferenças de sexo, raça, orientação sexual e identidades de gênero, visando à ressignificação (algo que se modifica ao modificar);
- c) Conscientização sobre a importância da ocupação de espaços de decisão e poder pelas mulheres, nos diversos âmbitos;
- d) Empoderamento de mulheres para que vislumbrem um futuro ocupando espaços de poder e decisão, principalmente nos âmbitos político, governamental e empresarial;
- e) Embasamento de políticas públicas educativas, voltadas para o aumento do número de mulheres nos espaços de poder e na construção de referências femininas, moldadas pela horizontalidade, paz, equidade e justiça social.
Este projeto se concretiza com o apoio do Ministério das Mulheres, por meio de uma emenda parlamentar da deputada federal / SP Juliana Cardoso.
Algumas avaliações:
Gostei da interatividade, das perguntas que nos fizeram refletir sobre a temática de cada curso, dos vídeos instrutivos que me causou ainda mais vontade de participar do curso, ser um uma mulher com tão boa argumentação e colocação de pontos de vista tão bem quanto as que vi por aqui.Ler a opinião de outras colegas sobre os temas propostos foi muito interessante, são mulheres tão inteligentes, independentes, que me sinto pertencente a esse grupo. Muito obrigada pela oportunidade.
Fernanda
Os vídeos, o conteúdo em pdf e as palestrantes são excelentes!
Patricia Negrao
As perguntas nos fazem refletir sobre vários assuntos , e nos leva a pensam em como melhorar , em como buscar soluções para nossas causas.
Gisa nascimento
Hoje encerramos o nosso curso. Foi espetacular. Várias vozes, trocas, respeito, compartilhamentos, ensinamentos, discussão ricas, recheadas de carinho e de aprendizados. E como bem disse Paulo Freire, precisamos “esperançar na prática para tornar-se concretude”. Um curso importante e que deve ocorrer mais vezes. Agradeço imensamente a Vera Vieira, a Associação Mulheres pela Paz e todas as mulheres presentes durante o curso. Juntas somos mais fortes. Obrigada, foram momentos espetaculares e inesquecíveis. Gratidão.
Maria Cristina Gobbi
O que mais me encanta até agora no curso é a possibilidade de refletir sobre a desconstrução de estereótipos e como essas questões se desdobram em diferentes dimensões da vida das mulheres. Fiquei impactada pelos momentos de discussão sobre o fortalecimento da presença feminina em espaços de poder e decisão, algo que, para mim, é transformador e essencial para a construção de uma sociedade mais equitativa.Além disso, o curso está trazendo um equilíbrio entre teoria e prática: não se tratava apenas de falar sobre empoderamento, mas de mostrar caminhos reais para ocupar esses espaços, com ferramentas e exemplos concretos. As discussões com outras mulheres e o apoio mútuo foram também muito nspiradores, criando uma rede de incentivo e ação que espero levar adiante!
Maria Silvia Oliveira
Gostei especialmente do ambiente de aprendizado, que se destacou pelo acolhimento e respeito, oferecendo a cada pessoa a oportunidade de se expressar livremente. Foi profundamente enriquecedor ouvir diferentes perspectivas e perceber que nossas contribuições foram verdadeiramente valorizadas. As temáticas abordadas foram extremamente relevantes, especialmente os princípios da Comunicação Não-Violenta de Marshall Rosenberg, que trouxeram valiosas reflexões sobre empatia, conexão humana e a importância de expressar sentimentos e necessidades de forma clara e respeitosa. Além disso, a alegria de compartilhar este espaço com mulheres tão inspiradoras e empoderadas foi transformadora. Todas vocês conquistaram um lugar especial em meu coração, tornando-se fontes de inspiração e força para o meu próprio crescimento. Esta experiência despertou em mim um forte sentimento de pertencimento e aprendizado mútuo, atendendo à necessidade de troca autêntica e reconhecimento, fundamentais para o crescimento pessoal e coletivo. O curso nem terminou, e já estou com saudades de tudo e de todos, de cada momento compartilhado e de cada ensinamento vivido juntos. Agradeço profundamente por fazer parte deste processo, onde todos nós temos nosso lugar, e, juntas, todas nós contribuímos para o nosso crescimento e evolução.
Silvia
O curso nos permite ter um espaço de compartilhamento de vivências individuais e coletivas, e também nos possibilita a reflexão sobre o nosso papel como indivíduos políticos; além disso, a troca de conhecimento com mulheres de diferentes localidades e idades distintas gera um campo fértil de práticas. A luta coletiva que recorta tempo e espaço, nos faz perceber o quanto as ferramentas digitais devem serem ocupadas por essa diversidade.
Marcilene Pereira Barbosa
Do diálogo e da troca com as outras mulheres, a gestão do curso e na generosidade e das informações que trouxeram.
Natália Alves dos Santos
Gostei da metodologia nos permitiu uma maneira livre de expressão na troca de saberes e debates sobre os vídeos e exposição de cada temática, a condução do curso foi perfeita! Desde a facilitadora Vera , a Val, as palestrantes foi um excelente aprendizado ! Indescritível! Amei! E o mais importante aprendi demais! Tudo que vivemos nestes 08 dias de curso com certeza é uma ferramenta importante para o dia a dia na construção e fomento das políticas para mulheres e o nosso empoderamento de ideias.
Luciana Cristina Ribeiro da Silva
Gostei muito da última aula, sobre redes. Foi muito impactante e emocionante, creio que todas ficaram obcecadas em ouvir.
Vanessa
O que eu mais gostei foi do compartilhamento das experiências e conhecimentos das palestrantes e das participantes durante as aulas. Muitas participantes têm conhecimento histórico, e fizeram parte, de diversos movimentos sociais feministas brasileiros e compartilharam suas experiências com as demais durante os debates antes e após as palestras
Roseany Mendes
Amei o curso! Muito difícil definir algo que tenha sido maior, pois o curso todo foi macro e possibilitou um crescimento integral e coletivo. Mas, em resposta a pergunta, trago o acolhimento. O que mais me encantou no curso foi o acolhimento, responsável pela total integração do coletivo
Leila de Almeida Ramos
Deixe um comentário Cancelar resposta
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.