Nossa História

Toda História tem um Começo

O movimento Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo nasceu na Suíça. Sua primeira ação internacional foi a indicação coletiva de 1000 Mulheres para o Prêmio Nobel da Paz de 2005. Cento e cinquenta países se fizeram representar.

Para continuar essa história, leia a entrevista com Clara Charf, presidenta da Associação Mulheres pela Paz.

Como foi o início do projeto?

Clara Charf – Um grupo de ativistas pelos direitos humanos da Suíça decidiu mapear, no mundo todo, mulheres que lutam pela paz e segurança humana e propor ao Comitê do Prêmio Nobel da Paz, sediado em Oslo, na Noruega, a inscrição de mil mulheres dos cinco continentes para concorrer, coletivamente, ao Prêmio Nobel da Paz em 2005. Para essa empreitada, elas reuniram vinte e três coordenadoras de diferentes países  Tive a honra de ser convidada, a partir da indicação de várias pessoas, para coordenar o Projeto no Brasil.

O que foi feito aqui?

Clara Charf – A Suíça estipulou uma cota de acordo com o número de habitantes de cada país. Ao Brasil, coube ao Brasil indicar 52 brasileiras que, ao lado de 948 mulheres de 150 países, concorreram coletivamente ao Prêmio. O grande desafio, portanto, era divulgar e receber indicações de mulheres de todo o país. Para isso, organizei um Comitê Executivo, formado por mulheres altamente reconhecidas em suas organizações  e profissões, que discutiu cada passo do processo. Eu e a jornalista Patrícia Negrão estruturamos um plano de ação para receber as indicações e fazer a seleção final. Em quatro meses, trabalhando com uma equipe enxuta e escassez de recursos materiais, recebemos 262 nomes, indicados por organizações e redes de mulheres, sindicatos, universidades, organizações governamentais e não governamentais e pessoas físicas. Contamos também com a participação da mídia, que ajudou a divulgar o projeto.

Das 262 mulheres indicadas, como chegaram às 52 finalistas?

Clara Charf – Montamos uma Comissão de Seleção, composta por mulheres e homens representativos de várias instâncias da vida brasileira Receberam um dossiê com a história das 262 indicadas e avaliaram o trabalho de cada uma delas. Em seguida, se reuniram para selecionar as 52 brasileiras.

Nossa preocupação foi contemplar mulheres das cinco regiões do país, de áreas de atuação distintas e  de diferentes segmentos – acadêmicas, cientistas, rurais, indígenas, quilombolas, religiosas, sindicalistas.

Qual foi o resultado?

Clara Charf – Apesar de sua grandiosidade, o Projeto 1000 Mulheres não ganhou o Prêmio Nobel da Paz 2005, que foi outorgado, naquele ano, para a Agência Internacional de Energia Atômica e para seu diretor, o egípcio Mohamed El Baradei. O Projeto, no entanto, foi tão bem sucedido e estruturou uma rede internacional de mulheres tão atuantes que ampliou seus objetivos.

O que está sendo feito desde então?

Clara Charf – Na Suíça, foi fundada a Associação Mulheres pela Paz ao Redor do Mundo, cujo objetivo é apoiar, fomentar e divulgar as ações das 1000 mulheres indicadas para o Prêmio Nobel e ampliar a rede. No Brasil, fizemos o livro Brasileiras Guerreiras da Paz com perfis e fotos das 52 brasileiras indicadas para o Prêmio e o lançamento em vários estados, além de exposição de fotos e textos das 1000 mulheres do mundo. Em 2008, fundamos, em São Paulo, a Associação Mulheres pela Paz.

Coordenadoras por continente

Africa
• Fatoumata Maiga
• Vera Chirwa
• Nomvuyo Skota-Dayile
• Maha Zein
• Cécile Mukarubuga

Asia
• Marina Pikulina
• Paulynn Paredes Sicam
• Carolina Monteiro
• Karen N. Tanada
• Kamla Bhasin
• Sima Samar
• Supawadee Petrat
• Kin Chi Lau

Europa
• Fadila Memisevic
• Zainap Gaschaeva
• Ute Scheub
• Oriente Médio
• Anita Mir
• Aida Abu Ras
• Faiha Abdulhadi

Oceania
• Sandy Fong

América do Norte e do Sul
• Margo Okazawa-Rey
• Clara Charf
• Nora Liliana Franco

Comitê Executivo
• Fátima Pacheco Jordão
• Jacira Melo
• Laura Greenhalgh
• Maria Betânia Ávila
• Maria Moraes
• Mariluce Moura
• Sueli Carneiro
• Vera Vieira

Comitê de seleção
• Albertina Costa (socióloga)
• Branca Moreira Alves (advogada)
• Clarice Herzog (publicitária)
• Fátima Pacheco Jordão (jornalista)
• Ignácio Loyola Brandão (escritor)
• Leonardo Boff (escritor)
• Lúcia Xavier (assistente social)
• Luiza Bairros (socióloga)
• Maria Betânia Ávila (socióloga e pesquisadora)
• Mariluce Moura (jornalista)
• Sueli Carneiro (filósofa)