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Aliança Global
- 17/05/2012
- Postado por: Associação Mulheres pela Paz
- Categoria: Acervo Publicações | Podcasts
No período de 9 a 11 de março de 2010, a cidade de Washington foi palco de uma conferência global que reuniu cerca de 200 lideranças dos diversos continentes, para discutir, trocar experiências e propor soluções inovadoras sobre violência doméstica, violência sexual e tráfico de mulheres. A diversidade de lideranças – de corporações, do judiciário, do governo, das ONGs, da mídia, da academia, etc. – propiciou a visão necessária para a interligação da cadeia de ações, com ênfase no desafio de incluir os homens na luta pela não-violência contra a mulher.
O Instituto Avon para Mulheres, nos últimos três anos, vem promovendo um grande programa, durante a segunda semana de março, por ocasião das celebrações do Dia Internacional da Mulher – 8 de março –, como uma oportunidade para promover lideranças da Avon, tanto na área de filantropia corporativa como na área de responsabilidade social. Neste ano de 2010, o Instituto Avon para Mulheres se uniu ao Departamento de Estado Americano e a Vital Voices – uma organização não-governamental com atuação global, que se dedica a ações voltadas para o avanço das mulheres. O objetivo desta parceria foi propiciar a presença de cerca de 200 pessoas, mulheres e homens, de 15 países dos variados continentes, que discutiram soluções colaborativas para fazer frente à crescente escalada da violência contra mulheres. O programa deste ano foi elaborado levando em conta as parcerias anteriores com o Unifem e a Associação Internacional de Juízas, além da Cornell Law School.
As lideranças presentes já vêm desempenhando atividades com abordagens inovadoras visando reduzir a violência contra mulheres. O aprendizado e a troca de experiências no evento terão como principal ressonância o impulsionamento de redes sustentáveis que visem o avanço das atividades multissetoriais em prol dessa luta.
Sob o tema geral da violência contra mulheres, foram escolhidos três focos para o trabalho das delegações – violência doméstica, violência sexual e tráfico humano. A delegação brasileira que se ateve, prioritariamente, ao tema da violência doméstica, foi formada por Lírio Cipriani, diretor do Instituto Avon no Brasil; Vera Vieira, vice-diretora do Instituto Patrícia Galvão; Sandra Gomes Melo, Delegada da Delegacia Especializada da Mulher, de Brasília; Marcos Nascimento, co-diretor do Instituto Promundo; Roberto Lorea, juiz do Fórum Especializado de Violência Doméstica de Porto Alegre; e Marcelo Schmidt, coordenador da Secretaria de Reforma Judicial do Ministério da Justiça. Os homens brasileiros participantes são fortes aliados na luta contra a violência às mulheres. A delegada Sandra Melo já recebeu vários prêmios por seu trabalho inovador, incluindo “Brasília Mulher Segura”, que conta com uma delegacia móvel. Vera Vieira representa o Instituto Patrícia Galvão, que tem o foco inovador de qualificar a cobertura jornalística, visando interferir no campo dos direitos das mulheres, tendo como um dos principais focos a violência contra mulheres.
Integrantes da delegação brasileira
Conteúdo e emoção
A intensa programação incluiu palestras, debates, trabalhos em grupos, encontro com personalidades políticas e artísticas, além de ocasiões de muita emoção, como o jantar de homenagem às “vozes de homens pelo fim da violência contra mulheres”, dentre as quais a voz do médico Dr. Denis Mukwege, fundador do hospital Panzi, na República Democrática do Congo, com uma ala de maternidade que atende cerca de dez mulheres ao dia, a maioria vítima de violência sexual, em um país onde se utiliza o estupro como arma barata de guerra. Ele é reconhecido internacionalmente pelo trabalho de reconstrução vaginal, em um país no qual as mulheres geralmente chegam com seus órgãos genitais dilacerados, tamanha a brutalidade da violência sexual que sofrem. No evento, o médico foi homenageado por Eve Ensler, autora do texto teatral Monólogos da Vagina, traduzido para mais de 45 línguas e encenado em mais de 130 países. O texto tem por base 200 entrevistas realizadas por ela, que também criou o Dia V, um movimento global visando o fim da violência contra mulheres e adolescentes. Também foram homenageados Stephen Lewis, enviado especial da ONU, e Luis CdeBaca, embaixador de monitoramento e combate ao tráfico humano.
O médico Denis Mukwege, fundador do hospital Panzi,
da República Democrática do Congo, reconhecido mundialmente
pelo trabalho de reconstrução vaginal de vítimas de estupro.
As atividades no Departamento de Estado Americano contaram com a presença de grandes personalidades, dentre as quais, Andréa Jung, presidenta da Avon e a grande impulsionadora das ações de responsabilidade social voltada para a luta contra a violência às mulheres; a atriz Reese Witherspoon – embaixadora global da Avon –; a apresentadora de TV Suze Orman; as jornalistas Maureen Orth (Vanity Fair) e Judy Woodruff (correspondente do programa The News Hour with Jim Lehrer) e a presidenta da Vital Voices Alyse Nelson.
A atriz Reese Witherspoon, embaixadora global da Avon; Andrea Jung,
presidenta da Avon; a apresentadora de TV Suze Orman e Susan Ann
Davis, presidenta da Vital Voices (dir/esq)
Durante o debate, houve um momento de forte emoção, quando uma jovem contradisse a teoria de que filhos de lares onde existe violência doméstica quase certamente irão se tornar agressores. Chorando, contou que ela e o irmão presenciaram a violência doméstica por anos, mas que são pessoas pacíficas, parceiras na luta pelo fim da violência às mulheres. Especialistas presentes em outras atividades retomaram este assunto, frisando que as estatísticas demonstram alguma probabilidade, o que não significa uma generalização.
A jovem da platéia que, chorando, discordou da teoria de que
filhos que vivenciam a violência doméstica se tornam agressores.
E, no final do dia, em uma sessão mais restrita, estiveram presentes Michelle Obama e Hillary Clinton, para se juntar à Aliança Global pelo Fim da Violência contra Mulheres.
Michelle Obama e Hillary Clinton cumprimentam Afnan Alo Zayani,
do Barém, que recebeu o prêmio Liderança em Atuação Pública.
Mulheres inspiradoras são premiadas
A noite do dia 10 foi reservada para um grande evento no Kennedy Center, que premiou lideranças com iniciativas inovadoras na luta pelo fim da violência contra mulheres, contando, também, com a presença de grandes personalidades, como Hillary Clinton, Sally Field, Angélique Kidjo, Sheila Bair, Suze orman, Andrea Jung, Reese Witherspoon, Ann Moore, Sheila Johnson, Nicholas D.Kristof, Diane Von Furstenberg, Kay Bailey Hutchison, Brian Williams e Michele Norris. Com casa lotada (1000 pessoas) o evento, intitulado “Impacto por meio da inovação: mulheres inspirando a transformação”, arrecadou mais de USD 1,3 milhão para apoiar lideranças femininas que trabalham visando o fortalecimento da democracia, o aumento das oportunidades econômicas e a proteção dos direitos humanos em todo o mundo.
Em 2010, foram contempladas seis mulheres, incluindo a brasileira Pámela Castro, da ONG Comcausa Cultura de Direitos, do Rio, com o Prêmio de Direitos Humanos. A jovem de 28 anos é uma artista multimídia que usa grafite e arte de rua para promover a conscientização e a transformação social, na Baixada Fluminense. O projeto “Grafiteiras pela Lei Maria da Penha” é uma inovação no combate à violência contra a mulher.
Melinda Gates, dos Estados Unidos, recebeu o Prêmio Trailblazer por sua intensa atuação nas diversas etapas de trabalho da Fundação Bill e Melinda Gates. Ela começou a trabalhar na Microsoft em 1987, distinguindo-se como uma líder no desenvolvimento de vários produtos multimídia. Em 1996, ela deixou sua posição de gerente geral de produtos de informática. Desde então, toda sua energia está direcionada para o universo da responsabilidade social.
Afnan Alo Zayani, do Barém (um pequeno estado insular do Golfo Pérsico, que faz fronteira marítima com o Irã, o Qatar e a Arábia Saudita), recebeu o Prêmio Liderança em Atuação Pública. Ela é casada, tem filhos, é estrela de um show televisivo de culinária, ativista e empresária rica. Envolveu-se em uma rede de mulheres empresárias (BBS), da qual se tornou presidenta. A BBS implementa ações para fortalecer mulheres no comando de negócios. Ela foi eleita por duas vezes para a diretoria da Câmara do Comércio e Indústria, para a Diretoria do Conselho Nacional de Competitividade e reconhecida pela Confederação Mundial de Negócios. Também está presente na lista das mulheres mais poderosas da revista Forbes e Arabian Business.
Andeisha Farid, do Afeganistão, recebeu o Prêmio Elevando Vozes/ 10.000 Mulheres Líderes. Na infância, viveu em campos de refugiados fora de seu país. A família viveu no Irã, onde passaram muitas dificuldades, impossibilitando sua ida à escola. Conseguiu ir ao Paquistão para estudar, em um campo de refugiados, onde começou também a ensinar outras mulheres e crianças afegãs. Depois, foi para Islamabad para cursar universidade. Trabalhava como professora e administradora de uma escola afegã. Atuou como coordenadora de uma ONG voltada para crianças. Em 2007, de volta a Cabul, Andeisha fundou uma entidade afegã voltada para a educação e o cuidado infantil (AFCECO). Hoje, essa entidade possui dez orfanatos no Afeganistão e Paquistão, atendendo a 450 crianças. Em 2008, ela participou do Programa de Treinamento Goldman Sachs 10.000 Mulheres visando implementar a capacidade de gerenciamento financeiro.
Rebecca Lolosoli, do Quênia, recebeu o Prêmio Fern Holland (o nome do prêmio é uma homenagem à advogada americana morta no Iraque, em 2004). Em 1990, Rebecca e outras dezesseis mulheres que não tinham onde morar se juntaram e fundaram a Organização de Mulheres Umoja Uaso. Unidade é o significado de Umoja. Trata-se de um local seguro para adolescentes que fogem de situações de violência, bem como um centro de treinamento voltado para direitos humanos, empoderamento econômico e preservação da arte e do artesanato indígena. Com a venda dos produtos tradicionais e contemporâneos, elas garantem a sobrevivência própria e das crianças. Elas conseguiram desenvolver um sistema de divisão de renda, que inclui um fundo para emergências. Também fundaram um centro comunitário e uma escola para suas crianças e aquelas que vivem nas redondezas. Graças à liderança de Rebecca, a Organização Umoja já inspirou transformações em comunidades vizinhas. Há cerca de sessenta grupos de mulheres no distrito de Samburu e no norte do Quênia, que recorrem ao grupo de Umoja para treinamento e informação.
Roshaneh Zafar, do Paquistão, recebeu o Prêmio Empoderamento Econômico, por sua atuação junto à Fundação Kashf, a qual fundou e dirige. Trata-se da primeira instituição especializada em micro-financiamento para atender mulheres paquistanesas. Ela acredita que este suporte promove mudança de mentalidades e propicia às mulheres “a escalada que une o vínculo entre o que são e o que podem ser”. A instituição foi fundada em 1996, logo depois que ela se encontrou com o Prêmio Nobel professor Muhammad Yunus, do Banco Grameen. Roshaneh vem trabalhando para empoderar milhares de mulheres no sentido de transpor as barreiras econômicas, para que possam participar de maneira plena em sociedade.
Colocando em prática
O último dia de trabalho aconteceu na Universidade Georgetow. A parte da manhã, intitulada Ferramenta para uma Efetiva Implementação, discutiu a criação de uma resposta coordenada da comunidade para a violência doméstica, tráfico humano e violência sexual, além de abordar formas de como a legislação pode ser implementada. Na ocasião, foi distribuído um kit de ferramentas a todas as pessoas participantes, contendo informações e instruções para o desenvolvimento de campanhas de advocacy, assim como o texto da peça de teatro “Sete”, uma campanha de advocacy global que está sendo desenvolvida pela Vital Voices e Avon, a ser encenada na Índia e na Argentina. O texto se baseia na história de sete mulheres corajosas, de diferentes países, que discutem os temas-chave da violência contra a mulher.Em seguida, aconteceu a apresentação de duas experiências que visam o engajamento de homens nesta luta, sob a perspectiva dos direitos das mulheres. Bufana Khumalo, falou sobre o trabalho realizado pela organização Justiça de Gênero Sonke, na África do Sul. O brasileiro Marcos Nascimento expôs a experiência do Instituto Promundo, no Rio, que vem envolvendo homens e meninos na busca da equidade de gênero. Houve, também, a apresentação de estratégias de advocacy a partir da utilização das artes, da mídia e da cultura.
Marcos Nascimento, do Instituto Promundo
Na ocasião, Marcelo Schmidt, do Ministério da Justiça, entregou exemplares da versão em inglês da Lei Maria da Penha, publicada pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres.
A parte final consistiu em uma reunião estratégica de cada uma das delegações, por foco temático, sob a facilitação de especialistas. O Brasil foi contemplado com a moderação do psicoterapeuta Ulester Douglas, diretor da entidade Homens pelo Fim da Violência, com sede na cidade de Atlanta, cujo trabalho é nacional e internacionalmente reconhecido. Para Ulester, a grande lição que poderia repassar, depois de décadas de trabalho, é a de que “o foco na formação de grupos de homens deve ser da diversidade e não apenas de agressores, pois assim eles não ficam estigmatizados e se torna mais fácil tê-los como parceiros na luta. Além do mais, todos os homens necessitam participar de grupos para que se vá à raiz do problema, que é a construção cultural de gênero”. A delegação brasileira reconheceu a necessidade de enfrentar o desafio de incluir os homens na luta contra a violência doméstica, sem esquecer da importância de integrar as ações de uma complexa rede de serviços.
Ulester Douglas, da entidade Homens
pelo Fim da Violência, de Atlanta
No dia 8 de março, antes da conferência, foi promovida uma oficina que contou com a presença das pessoas responsáveis pelo Instituto Avon de diferentes países e as respectivas organizações não-governamentais convidadas. Foi uma oportunidade de aproximação e troca de experiências na luta contra a violência doméstica. Sara Lulo, diretora do Centro Global Avon para Mulheres e Justiça, da Cornell Law School, discorreu sobre como os parceiros podem utilizar os recursos lá disponíveis (www.womenandjustic.org). Cindy Dyer, diretora de direitos humanos da Vital Voices, falou sobre a implementação da Aliança Global pelo Fim da Violência contra Mulheres. Cindy Southworth, diretora da Rede Nacional pelo Fim da Violência contra a Mulher, explicou o funcionamento da Rede Global de Casas-Abrigo.
Lírio Cipriani, diretor do Instituto Avon no Brasil, apresentou a pesquisa Percepções sobre a Violência Doméstica contra a Mulher no Brasil, 2009, realizada em conjunto com o Ibope, contando com o planejamento e a supervisão do Instituto Patrícia Galvão. O sucesso dessa ferramenta suscitou amplo debate. Representantes do México – Gaby Gatica, Cecília Veja e Jose Armas – apresentaram a experiência de implementação de parcerias bem-sucedidas. Sam Harrison, da Wemea, discorreu sobre o papel da mídia na transmissão de mensagens.
A Aliança Global define da seguinte forma os três tipos mais comuns de violência contra mulheres:
Violência Doméstica
Padrão de comportamento abusivo, utilizado para estabelecer poder e controle sobre outra pessoa, com quem se tem ou se teve um relacionamento íntimo. Tal comportamento inclui violência física, violência sexual e violência emocional/ psicológica. Os agressores são, em sua maioria, homens, e as mulheres são as vítimas. A violência doméstica afeta mulheres urbanas e rurais, independente de idade, religião, raça/ etnia, nível social/ econômico e educacional. Em média, uma em cada três mulheres é agredida ou forçada a ter relações sexuais no transcorrer da vida. Mulheres adolescentes estão mais susceptíveis a sofrer estupro ou violência doméstica do que ter um acidente de moto, câncer ou malária. Pesquisas mundiais também demonstraram que 40% a 70% das mulheres vítimas de homicídios foram assassinadas por seus maridos, ex ou parceiros. A violência doméstica também causa uma grande perda econômica ao país (nos Estados Unidos, a perda de produtividade totaliza USD 1.8 bi, enquanto que os gastos com saúde chegam a USD 4.1 bi. A raiz do problema da violência contra a mulher está na construção cultural de gênero, que coloca o homem em posição de superioridade à mulher. Nenhum setor da sociedade consegue sucesso lutando sozinho contra tal tragédia. É necessária a união das ONGs, setor empresarial e governo.
As delegações dos países presentes que priorizaram este enfoque foram: Brasil, China, Egito, Jordânia, México, República Checa e Rússia.
Tráfico humano
A ONU define o tráfico humano – uma prática moderna de escravidão –, como o transporte, recrutamento, transferência e recebimento de uma pessoa com a intenção de exploração. Traficantes controlam suas vítimas por meio de ameaças ou utilizando-se de força, coerção, rapto ou fraude. A coerção pode ser física ou psicológica. A definição internacional também indica que os tipos de exploração também incluem a prostituição e outras formas de exploração sexual, trabalho forçado, escravidão, remoção de órgãos. Os traficantes geralmente escolhem vítimas mais vulneráveis em termos sociais e econômicos. Alguns fatores contribuem para reforçar essa vulnerabilidade, como violência familiar, discriminação de gênero e marginalização de grupos na sociedade. Pode ocorrer com pessoas de qualquer idade, sexo ou raça. O tráfico humano se tornou um negócio altamente lucrativo para o crime organizado, movimentando no mundo um valor aproximado de USD 30 bi ao ano. As delegações dos países presentes que priorizaram este enfoque foram: Argentina, Camboja, Índia e Turquia.
Violência sexual
Ocorre quando uma pessoa é forçada, coagida e/ ou manipulada a uma atividade sexual não desejada. A violência sexual pode se apresentar de várias formas, incluindo estupro, incesto, pedofilia, estupro marital, exploração sexual, contato sexual, assédio sexual, exposição e voyeurismo. Pode ser praticada por um estranho, um parceiro íntimo, um membro da família, um amigo ou conhecido. Qualquer pessoa pode sofrer violência sexual, mas, a maioria das vítimas é mulher. A pessoa responsável é quase sempre um homem. Uma pesquisa do Unifem revela que uma em cada cinco mulheres será vítima de estupro no transcorrer de sua vida. O sexo forçado pode resultar em gratificação sexual para o autor, entretanto, a violência sexual não é motivada por desejo sexual. Os autores utilizam o sexo forçado por uma variedade de razões, incluindo uma maneira de controlar, humilhar e ferir a vítima; como um método de punição; como forma de obter vantagem financeira; como uma arma de guerra. Atualmente, na República Democrática do Congo, em South Kivu, 40 mulheres são estupradas, diariamente. No genocídio de Ruanda, em 1994, de 250 mil a 500 mil mulheres sofreram estupro.
As delegações dos países presentes que priorizaram este enfoque foram: África do Sul, Colômbia, Libéria e República Democrática do Congo.
(*) Vera Vieira atua junto às ONGs Associação Mulheres pela Paz, Instituto Patrícia Galvão e Rede Mulher de Educação. Coordena, no Brasil, o Projeto Objetivos de Desenvolvimento do Milênio – Fortalecimento das Mulheres para o Uso Estratégico das TIC para Erradicar a Violência contra Mulheres e Adolescentes (APC/PARM). É jornalista e atual doutoranda da USP/ECA, com uma pesquisa-ação voltada para violência doméstica e uso da internet.