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Escola deve ensinar sexo saudável e não abstinência
- 28/10/2021
- Postado por: Associação Mulheres pela Paz
- Categoria: Seminários, Oficinas e Exposições
Uma pesquisa inédita obtida por Universa, feita pelo Datafolha e coordenada pela Associação Mulheres de Paz com professores do ensino fundamental público de São Paulo, mostra que 3 em cada 4 desses docentes já presenciaram atos ou falas discriminatórias contra estudantes. No ranking desses preconceitos, 25% dizem presenciar frequentemente casos de racismo, 23% são testemunhas constantes de gordofobia e 19% presenciam a homofobia diariamente dentro das escolas.
O documento mostra também violência contra professores: 50% desses profissionais disseram na pesquisa que foram vítimas de algum tipo de discriminação — entre as pessoas negras e pardas, esse índice é de 60% e, entre brancos, de 43%.
A desinformação também está presente no meio e é apontada como um dos fatores para o preconceito: o estudo revelou que o sexismo — atitude discriminatória que define quais usos e costumes devem ser respeitados por cada sexo — e a transfobia — discriminação contra a pessoa trans, ou seja, que se identifica com gênero diferente daquele que nasceu — são os termos sobre os quais professores têm menos informação. No total, foram realizadas 285 entrevistas com profissionais da rede pública paulista, entre julho e agosto desse ano.
Com o retorno às aulas presenciais após mais de um ano de escolas fechadas para conter o avanço do coronavírus, a expectativa é que professores se desdobrem, junto aos responsáveis, para estreitar relações de confiança com os alunos e, assim, reduzir os índices de violência. A avaliação é da jornalista Vera Vieira, doutora em Comunicação e Feminismo pela USP (Universidade de São Paulo) e diretora executiva da associação.
“O fechamento de escolas contribuiu muito para o aumento da violência contra a criança assim como a quarentena aumentou a violência contra as mulheres também. Além de ficarem isoladas com o inimigo, as crianças se privaram dessa rede de relações. Acho que podemos contar pelo menos 5 anos de atraso na escolarização e também na socialização dessas crianças e adolescentes e os professores vão ter que se desdobrar muito tanto na parte teórica como na da intimidade com esses alunos”, afirma Vera.
Em conversa com Universa por telefone enquanto voltava de Poços de Caldas (MG), onde foi dar uma palestra sobre violência de gênero, Vera aponta soluções para tornar o ambiente escolar mais seguro e critica projetos conservadores como o “Escolhi esperar”, que incentiva a jovem a adiar o início do relacionamento sexual a fim de evitar a gravidez.
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